lunedì 5 gennaio 2015

Mundo da comparação

Se ouves de bom agrado um cantor, se gostas de uma mulher, se preferes uma comida, não depende nem do cantor, nem da mulher, nem da comida. Depende somente das avaliações do teu cérebro. O conto do mundo é um conjunto de subjectividades. A objectividade é uma mentira.
Vais ver um filme, contas à tua maneira as sensações que o teu cérebro colheu, lês as opiniões sobre o filme e de novo estás perante um conto subjectivo dos outros. Depois te fazes condicionar. Amas aquilo que os outros amam, achas bonito aquilo que outros dizem que é bonito. Ou então fazes o contrário. Detestas tudo que os outros amam, te enervas por aquilo que os outros acham divertido, mas é somente a actividade comparativa do teu cérebro. Depende somente daquilo que o teu cérebro elaborou quando eras miúdo, em base aos contos subjectivos dos adultos que conheceste. 
As nossas avaliações são somente comparações.
Isto é melhor que aquilo, é mais bonito, mais pesado, era melhor antes, se aprecia com o tempo... Comparações. Se todos os seres humanos corressem os 100 metros na mesma velocidade, não existiria a corrida dos 100 metros. Comparações às quais damos valores absolutos, mas tudo se desenvolve dentro dos nossos cérebros. 
Pensar ter entendido objectivamente como são as coisas é o maior acto de soberba que alguém pode cometer. Não ter a consciência que vivemos dentro do nosso pessoal conto do mundo, que é fruto das comparações dos contos que ouvimos dos outros, é o profundo analfabetismo que gera mitos, certezas inflexíveis, conflitos, guerras e prevaricações. É a alucinação colectiva que todos estamos a viver, com as nossas classificações pessoais, com as prostrações àqueles que para nós contam alguma coisa, e o desprezo àqueles que para nós não valem nada. Como se nós contássemos alguma coisa.

lunedì 18 agosto 2014

Casamento ou Pedido?


Estava a conversar com um Kota, que me contava as dificultades que ele enfrentou por não ter casado. O mais velho, coitado, só fez o pedido e não o matrimônio, o que fez com que muitos o considerassem não casado, e os seus filhos considerados ilegítimos.

Recuando um pouco na história de Angola, é fácil notar que o matrimônio como é hoje concebido não existia nas vidas da sociedade. A única formalidade que contava na altura era o alambamento. Depois do alambamento, os casais podiam viver tranquilos e descansados, porque já estava tudo formalizado. Mais tarde chegou a religião católica, e com esta os hábitos e costumes ocidentais. Tais hábitos e costumes se foram afirmando na sociedade angolana até prevalecerem sobre a tradição local, e chegarmos ao ponto em que chegamos hoje.

Hoje em dia quem não faz o matrimônio ocidental é considerado um "não regularizado" e fornicador. A sociedade te condena. Até a igreja te aponta o dedo. Muitas garinas inclusive crescem a sonhar com o casamento ocidental, que viram nas novelas ou nos filmes. Sem saber exactamente dos mambos.

Mas a verdade é que nós temos o nosso casamento, que é o alambamento, e o Ocidente também tem o "casamento deles". Entraram na nossa mente até nos incutir que os nossos hábitos e costumes são errados, e os deles são os certos. Como se já não bastasse considerarmos a nossa cor da pele mais feia, o nosso cabelo mais feio, o nosso modo de vestir mais feio, as nossas línguas mais feias...

Ando muito futucado com esses mambos.

Por isso, mais velho, fica descansado. Podias ter feito também o matrimônio ocidental, seria fixe e bonito. Mas não fizeste, e isso também não é problema. És a todos os efeitos um homem casado, não deixa mais ninguém te criticar por causa disso.

Para evitar confusão, vale a pena fazer só já os dois casamentos, o tradicional e o ocidental. Se bem que no nosso alambamento tem as contribuições e exigências das famílias que é a parte mais malaique, mas esses são outros quinhentos que é melhor retratar num outro dia.

martedì 13 maggio 2014

Quero uma mulher interesseira

Gostaria que a minha mulher fosse interesseira. É o melhor tipo de mulher que um homem pode encontrar.

O que é uma mulher mulher interesseira? Mulher interesseira pode ser aquela que procura a todo o custo um homem que goza de boas condições financeiras, aproveitando a condição do mesmo para poder também usufruir de uma "boa vida". Um homem que possa lhe dar uma mesada todos os meses; que possa levá-la para passear todos os fins de semana; que possa garantir uma boa casa, comprar um bom carro, levar ao shopping... Em suma, interesseira pode ser uma mulher que queira gozar a vida com o mínimo esforço possível.


Mas interesseira também pode ser uma mulher que esteja sim interessada em encontrar um homem bem sucedido economicamente, mas não com os objectivos supracitados. Neste caso, o interesse da mulher é de crescer com este homem. Um homem bem sucedido pode te permitir enxergar a vida numa outra perspectiva, ajudar a crescer intelectualmente, a reconhecer a importância (e os benefícios) do trabalho árduo, a ser mais ambiciosa, e com as boas condições de vida te ajuda a fazer mais em prol da sociedade. E é desta interesseira a qual me refiro. É bem verdade que estes objectivos podem também ser atingidos autonomamente pela mulher, mas um parceiro bem colocado economicamente pode certamente dar um contributo maior.

Em outras palavras, se (ou melhor, quando) eu for um homem economicamente bem posicionado na sociedade, quero uma mulher interesseira ao meu lado. Uma que esteja interessada a aproveitar a minha boa condição económica para poder crescer também, seja no campo intelectual como no campo profissional. Esta é a interesseira que todo o homem quer ao seu lado, e não uma que se quer aproveitar da boa condição económica do parceiro para poder extorquir sempre mais o pobre coitado.

D.M.

giovedì 8 maggio 2014

Afirmação da própria ideologia


É preciso ter a coragem de afirmar as próprias ideias. Os próprios ideais. Expor a própria ideologia em público. Mesmo quando esta vai na corrente contrária.

Numa sociedade como a nossa, onde antes de expor a própria ideia somos obrigados a consultar a ideia da massa, é sempre mais difícil dizer o que se pensa, e por conseguinte sofremos a tendência de dizer o que os outros já disseram. Pensar o que os outros já pensaram. Em outras palavras, sofremos a tendência de sermos só mais um na sociedade e não fazer a diferença.

Com isso não quero dizer que devemos ser teimosos e persistir na afirmação de uma ideia que já se demonstrou errada, mas que devemos ser originais. Não ter medo de caminhar na corrente contrária. É através da afirmação de uma ideia contrária à ideia da sociedade que nascem novas teorias, capazes de mudar o curso da nossa história, ou até mesmo da história do mundo.

Do mesmo modo, é necessário também ter a coragem de admitir o erro, assim como a humildade em aceitar a ideia contrária mais consistente que a nossa. Só assim podemos ser originais com as nossas ideias e nalguns casos inovadores das ideias alheias.

D.M.

martedì 18 febbraio 2014

A Sociedade Falhada

Ouvindo umas entrevistas tomei conhecimento de que em algumas províncias, devido a ausência de morgues, as famílias para preservar os corpos dos ente-queridos por mais uma ou duas noites injectam uma certa quantidade de gasolina nos corpos. E muitos destes corpos nem se quer foram registados nos serviços anagráficos. Por outras palavras, morrem como se nunca tivessem existido.

É paradoxal ver o nome de Angola no topo de muitas classificações sobre o desenvolvimento em África, quando nem sequer estes serviços básicos conseguimos garantir aos cidadãos.
É paradoxal ver jovens a reclamarem dos problemas do país e contemporaneamente gastarem 300$ para gozarem 5 horas de festa.
É paradoxal ver a fixação por bens de luxo da parte de angolanos que se calhar na família nem todos conseguem ter o pão quotidiano.

É claramente um problema do sistema político e social. A nossa política e a nossa sociedade até agora tem sido um fiasco. É inútil enriquecer um povo que não tem a mínima noção do que é prioritário no dia-a-dia.
Passa tudo por uma reeducação social. Porque ainda que se mude completamente a classe política, o problema não se extinguirá, porque os próximos cometerão os mesmos erros. É toda a conjuntura que não funciona.

Reiniciar o sistema. Recomeçar pela base. Só assim se poderá ter uma mínima esperança de melhoramento das nossas condições de vida.

venerdì 27 dicembre 2013

Desigualdade fictícia

O homem com o avião pensava:
- Olhe como estão se matar aí em baixo! Aquele que governa a vela do seu barco, aquele com a canoa, aquele que nada e o outro com o balão aerostático que não consegue nem sequer escolher a destinação.

O homem com o balão aerostático pensava:
- Olhe esses que estão a se matar aqui em baixo! Todos no mar a arrebatar-se para alcançar a ilha, enquanto eu me deixo transportar pelo vento e me canso muito menos.

O homem com o barco a vela pensava:
- Olhe esses a se matarem aí atrás! Um a remar até não poder mais e o outro a nadar exausto. Enquanto eu dirijo a minha vela até a ilha e chegarei lá bem antes deles.

O homem com a canoa pensava:
- Olhe como nada aquele coitado! Pensa que vai conseguir chegar até à ilha este pobrezinho, enquanto eu com a minha canoa chegarei de forma muito mais segura. Só mais um pouco de sacrifico e já estou lá.

O homem que nadava, nadava só e mais nada.

A noite todos se encontraram a caminhar na praia da ilha. O homem do avião olhava os outros de cima pra baixo, como se ainda estivesse no avião. O homem do balão falava com reverência ao homem do avião, mas desprezava todos os outros. De tal maneira, o homem do barco a vela não ousava em dirigir palavras ao homem do avião, mas perguntava ao homem do balão o que homem do avião tivesse dito, enquanto se gabava com o homem da canoa de saber o que disse o homem do avião. O homem que nadava, caminhava só e mais nada.

Nenhum deles dava conta que um avião tem sentido somente quando voa e o barco quando navega. Todos se sentiam aviadores e navegantes, mesmo encontrando-se na terra, que é só terra, um lugar onde o homem é o que é e não aquilo que mostra fazer.
Confundidos pelas suas acções, todos se tinham esquecido de ser simplesmente aquilo que que eram.

                     

Somos todos iguais, independentemente do que fazemos. Viemos todos do mesmo sítio e vamos todos a uma só destinação. Isto, a nossa sociedade parece que nunca vai entender.

giovedì 8 agosto 2013

Mundos Paralelos Modernos

Hoje em dia existem dois mundos paralelos. O mundo real e o mundo virtual (que para muito também é real).

Existem duas vidas nas quais alguém se pode dedicar. Na vida virtual encontramos o Facebook, o Twitter, o WhatsApp, Viber, Line, Tango, WeChat, etc., enquanto na vida real encontramos os contactos físicos. Normalmente essas vidas não andam de mãos dadas. Os amigos da internet na maior parte dos casos não coincidem com os amigos da vida "física", e o carácter, assim como os comportamentos, são completamente diferentes do comportamento na vida física. Praticamente são duas pessoas completamente diferentes. Infelizmente, quanto mais os anos passam, mais as pessoas parecem aproximar-se ao mundo virtual.

Eu olho ao meu redor quotidianamente, e vejo cada um completamente colado ao seu iPod, iPad, iPhone, Galaxy, Lumia, etc., sem sequer se importar com que acontece ao seu redor. Pessoas que estão sempre dispostas a dar um "oi" se estiverem online na internet, mas que nem sequer encontram a coragem para se cumprimentarem se encontram-se um ao lado do outro. Podes até apanhar dinheiro ao lado deles, mas nem se vão aperceber. Estão todos concentrados nos produtos tecnológicos e nas relações virtuais.

O contacto corpo a corpo entre amigos, o tempo passado a ler um livro (de papel), as horas intermináveis a olhar para a lua e a contar as estrelas, as longas conversas de família... são conceitos desconhecidos para muitos amantes da tecnologia e da modernidade. A perda desses particulares no dia-a-dia de cada um faz com que o ser humano perca a capacidade de viver intensamente e fisicamente os momentos mais importantes da nossa vida. Tudo o que fazemos hoje em dia, é só a pensar no que vai acontecer depois de publicarmos na internet o que nos está a acontecer, e essa contínua obsessão em pensar no que vai acontecer no futuro, faz-nos perder a capacidade de viver plenamente e intensamente o presente.

Com isso não pretendo dizer que não devemos estar actualizados com a tecnologias (até porque eu também sou um grande viciado), mas que simplesmente devemos saber dividir os momentos. Tem momentos para a vida virtual, mas também tem momentos para a vida física. É bem verdade que muitos recorrem à vida virtual para tentar fugir dos males e dos problemas desse mundo, encontrando no virtual um mundo completamente diferente e distante das malambas da vida, mas devemos ao mesmo tempo saber que a prioridade tem que ser dada à vida física, porque é sobretudo através desta que vivemos intensamente os momentos mais importantes, reais, preciosos e delicados da nossa vida.

Vamos viver a vida. Vamos apreciar o presente. Vamos apalpar e abraçar a vida com os nossos próprios corpos, porque o valor de abraço físico não se compara com um simples emoticom, assim como a importância e a preciosidade de um sorriso não se pode comparar com um "lol" ou com um ":-)". É muito mais do que isso. Muito mais.