lunedì 18 agosto 2014

Casamento ou Pedido?


Estava a conversar com um Kota, que me contava as dificultades que ele enfrentou por não ter casado. O mais velho, coitado, só fez o pedido e não o matrimônio, o que fez com que muitos o considerassem não casado, e os seus filhos considerados ilegítimos.

Recuando um pouco na história de Angola, é fácil notar que o matrimônio como é hoje concebido não existia nas vidas da sociedade. A única formalidade que contava na altura era o alambamento. Depois do alambamento, os casais podiam viver tranquilos e descansados, porque já estava tudo formalizado. Mais tarde chegou a religião católica, e com esta os hábitos e costumes ocidentais. Tais hábitos e costumes se foram afirmando na sociedade angolana até prevalecerem sobre a tradição local, e chegarmos ao ponto em que chegamos hoje.

Hoje em dia quem não faz o matrimônio ocidental é considerado um "não regularizado" e fornicador. A sociedade te condena. Até a igreja te aponta o dedo. Muitas garinas inclusive crescem a sonhar com o casamento ocidental, que viram nas novelas ou nos filmes. Sem saber exactamente dos mambos.

Mas a verdade é que nós temos o nosso casamento, que é o alambamento, e o Ocidente também tem o "casamento deles". Entraram na nossa mente até nos incutir que os nossos hábitos e costumes são errados, e os deles são os certos. Como se já não bastasse considerarmos a nossa cor da pele mais feia, o nosso cabelo mais feio, o nosso modo de vestir mais feio, as nossas línguas mais feias...

Ando muito futucado com esses mambos.

Por isso, mais velho, fica descansado. Podias ter feito também o matrimônio ocidental, seria fixe e bonito. Mas não fizeste, e isso também não é problema. És a todos os efeitos um homem casado, não deixa mais ninguém te criticar por causa disso.

Para evitar confusão, vale a pena fazer só já os dois casamentos, o tradicional e o ocidental. Se bem que no nosso alambamento tem as contribuições e exigências das famílias que é a parte mais malaique, mas esses são outros quinhentos que é melhor retratar num outro dia.

martedì 13 maggio 2014

Quero uma mulher interesseira

Gostaria que a minha mulher fosse interesseira. É o melhor tipo de mulher que um homem pode encontrar.

O que é uma mulher mulher interesseira? Mulher interesseira pode ser aquela que procura a todo o custo um homem que goza de boas condições financeiras, aproveitando a condição do mesmo para poder também usufruir de uma "boa vida". Um homem que possa lhe dar uma mesada todos os meses; que possa levá-la para passear todos os fins de semana; que possa garantir uma boa casa, comprar um bom carro, levar ao shopping... Em suma, interesseira pode ser uma mulher que queira gozar a vida com o mínimo esforço possível.


Mas interesseira também pode ser uma mulher que esteja sim interessada em encontrar um homem bem sucedido economicamente, mas não com os objectivos supracitados. Neste caso, o interesse da mulher é de crescer com este homem. Um homem bem sucedido pode te permitir enxergar a vida numa outra perspectiva, ajudar a crescer intelectualmente, a reconhecer a importância (e os benefícios) do trabalho árduo, a ser mais ambiciosa, e com as boas condições de vida te ajuda a fazer mais em prol da sociedade. E é desta interesseira a qual me refiro. É bem verdade que estes objectivos podem também ser atingidos autonomamente pela mulher, mas um parceiro bem colocado economicamente pode certamente dar um contributo maior.

Em outras palavras, se (ou melhor, quando) eu for um homem economicamente bem posicionado na sociedade, quero uma mulher interesseira ao meu lado. Uma que esteja interessada a aproveitar a minha boa condição económica para poder crescer também, seja no campo intelectual como no campo profissional. Esta é a interesseira que todo o homem quer ao seu lado, e não uma que se quer aproveitar da boa condição económica do parceiro para poder extorquir sempre mais o pobre coitado.

D.M.

giovedì 8 maggio 2014

Afirmação da própria ideologia


É preciso ter a coragem de afirmar as próprias ideias. Os próprios ideais. Expor a própria ideologia em público. Mesmo quando esta vai na corrente contrária.

Numa sociedade como a nossa, onde antes de expor a própria ideia somos obrigados a consultar a ideia da massa, é sempre mais difícil dizer o que se pensa, e por conseguinte sofremos a tendência de dizer o que os outros já disseram. Pensar o que os outros já pensaram. Em outras palavras, sofremos a tendência de sermos só mais um na sociedade e não fazer a diferença.

Com isso não quero dizer que devemos ser teimosos e persistir na afirmação de uma ideia que já se demonstrou errada, mas que devemos ser originais. Não ter medo de caminhar na corrente contrária. É através da afirmação de uma ideia contrária à ideia da sociedade que nascem novas teorias, capazes de mudar o curso da nossa história, ou até mesmo da história do mundo.

Do mesmo modo, é necessário também ter a coragem de admitir o erro, assim como a humildade em aceitar a ideia contrária mais consistente que a nossa. Só assim podemos ser originais com as nossas ideias e nalguns casos inovadores das ideias alheias.

D.M.

martedì 18 febbraio 2014

A Sociedade Falhada

Ouvindo umas entrevistas tomei conhecimento de que em algumas províncias, devido a ausência de morgues, as famílias para preservar os corpos dos ente-queridos por mais uma ou duas noites injectam uma certa quantidade de gasolina nos corpos. E muitos destes corpos nem se quer foram registados nos serviços anagráficos. Por outras palavras, morrem como se nunca tivessem existido.

É paradoxal ver o nome de Angola no topo de muitas classificações sobre o desenvolvimento em África, quando nem sequer estes serviços básicos conseguimos garantir aos cidadãos.
É paradoxal ver jovens a reclamarem dos problemas do país e contemporaneamente gastarem 300$ para gozarem 5 horas de festa.
É paradoxal ver a fixação por bens de luxo da parte de angolanos que se calhar na família nem todos conseguem ter o pão quotidiano.

É claramente um problema do sistema político e social. A nossa política e a nossa sociedade até agora tem sido um fiasco. É inútil enriquecer um povo que não tem a mínima noção do que é prioritário no dia-a-dia.
Passa tudo por uma reeducação social. Porque ainda que se mude completamente a classe política, o problema não se extinguirá, porque os próximos cometerão os mesmos erros. É toda a conjuntura que não funciona.

Reiniciar o sistema. Recomeçar pela base. Só assim se poderá ter uma mínima esperança de melhoramento das nossas condições de vida.