mercoledì 26 giugno 2013

O Trabalho Escraviza


"Arbeit macht frei", que traduzindo em português significa "o trabalho liberta", é a escrita que aparecia a entrada dos campos de concentração nazistas durante a segunda guerra mundial. A escrita tornou-se famosa porque exprimia o exacto contrário do que acontecia dentro dos campos de concentração.  Em vez da liberdade, os hebreus que lá se encontravam presos muitas vezes eram brutalmente assassinados, e praticamente ninguém conseguiu a liberdade.

Esses tempos já passaram, e hoje todos dizemos que o trabalho dignifica o homem. Mas isto não passa de um condicionamento psicológico que nos é imposto pela sociedade. Me pergunto: que sentido há em acordar todos os dias as 7 para ir ao trabalho satisfazer o interesse de outras pessoas, e voltar as 19/20 horas em casa, 6 dias por semana, por causa de uns trocados que nos serve para comprar comida e bens materiais? E a vida? Que tempo sobra ao ser humano para usufruir da própria vida? Essa vida pode ser usufruída no único dia da semana que resta a disposição?

Eu a isso chamo escravidão. Uma escravidão moderna, psicológica, e muito mais eficaz. Porque o escravo verdadeiro não é aquele que está acorrentado, mas aquele que pensa que o seu proprietário o faz um favor e é incapaz de imaginar a liberdade. As pessoas fazem enormes sacrifícios e renunciam em viver a própria vida pensando: "vale a pena lamber o chão do que morrer". O horrendo dessa cultura é quando lamber o chão torna-se numa aspiração. Monstruoso é ter que ir ao trabalho, 8 horas por dia e 6 dias por semana, satisfazer interesse alheios, e ainda por cima estar grato a quem lhe faz lamber o chão.

Hoje em dia esse não é trabalho. É escravidão. É deixar roubarem-te a própria vida. É permitir com que sejas dominado pelo sistema social que nos impõe a viver para trabalhar, e não a trabalhar para viver. E com isso não quero apoiar a preguiça, ou como é mais conhecido por nós, a kunanguisse. O importante é abolirmos a condição psicológica que afirma que o homem útil é aquele que produz "frutos económicos", e não aquele que prefere dedicar-se a arte, a leitura, etc., o que fez com os velhos, que antes eram fontes de saber e de memória, que com os seus conhecimentos constituíam a alma de uma comunidade, hoje fossem vistos como simples seres a serem mantidos em vida, sem nenhum valor humano ou espiritual, reduzidos a simples destinatários de serviços. 

O trabalho deve conviver com a liberdade. Fazer o que o se gosta de fazer. Viver a própria vida. E não renunciar a própria vida por mais de quarenta anos, simplesmente para poder obter uns trocados no fim do mês, que te permitirá comprar o pão e o leite.


Trabalhar é importante, mas não podemos nos deixar dominar psicologicamente.

"Temos que nos livrar da escravidão mental que nos liga ao mundo profissional de uma forma perversa, através de uma relação de ódio-dependência que nos aliena, nos consome e nos reduz a meros números". Francesco Bevilacqua


D.M.

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