venerdì 27 dicembre 2013

Desigualdade fictícia

O homem com o avião pensava:
- Olhe como estão se matar aí em baixo! Aquele que governa a vela do seu barco, aquele com a canoa, aquele que nada e o outro com o balão aerostático que não consegue nem sequer escolher a destinação.

O homem com o balão aerostático pensava:
- Olhe esses que estão a se matar aqui em baixo! Todos no mar a arrebatar-se para alcançar a ilha, enquanto eu me deixo transportar pelo vento e me canso muito menos.

O homem com o barco a vela pensava:
- Olhe esses a se matarem aí atrás! Um a remar até não poder mais e o outro a nadar exausto. Enquanto eu dirijo a minha vela até a ilha e chegarei lá bem antes deles.

O homem com a canoa pensava:
- Olhe como nada aquele coitado! Pensa que vai conseguir chegar até à ilha este pobrezinho, enquanto eu com a minha canoa chegarei de forma muito mais segura. Só mais um pouco de sacrifico e já estou lá.

O homem que nadava, nadava só e mais nada.

A noite todos se encontraram a caminhar na praia da ilha. O homem do avião olhava os outros de cima pra baixo, como se ainda estivesse no avião. O homem do balão falava com reverência ao homem do avião, mas desprezava todos os outros. De tal maneira, o homem do barco a vela não ousava em dirigir palavras ao homem do avião, mas perguntava ao homem do balão o que homem do avião tivesse dito, enquanto se gabava com o homem da canoa de saber o que disse o homem do avião. O homem que nadava, caminhava só e mais nada.

Nenhum deles dava conta que um avião tem sentido somente quando voa e o barco quando navega. Todos se sentiam aviadores e navegantes, mesmo encontrando-se na terra, que é só terra, um lugar onde o homem é o que é e não aquilo que mostra fazer.
Confundidos pelas suas acções, todos se tinham esquecido de ser simplesmente aquilo que que eram.

                     

Somos todos iguais, independentemente do que fazemos. Viemos todos do mesmo sítio e vamos todos a uma só destinação. Isto, a nossa sociedade parece que nunca vai entender.

1 commento:

  1. Nice one Deslandes. O que temos não importa. Importa o que somos.

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